Limite das alíquotas do IBS entre 2029 e 2077: entenda o que diz o Art. 371 da Lei Complementar nº 214/2025
A Reforma Tributária criou o limite das alíquotas do IBS como uma proteção estrutural do novo modelo. Entre 2029 e 2077, Estados, Municípios e o Distrito Federal não poderão reduzir o IBS abaixo de um patamar mínimo previsto em lei. Essa trava é essencial para evitar uma nova guerra fiscal e garantir as retenções constitucionais do ADCT.
Para o mercado farma, esse ponto é decisivo. Ele influencia a forma como indústrias, distribuidoras, redes de farmácias e hospitais vão planejar preços, margens e investimentos no longo prazo.
1. O que o Art. 371 determina sobre o limite das alíquotas do IBS?
O caput do Art. 371 estabelece a regra central do limite das alíquotas do IBS de 2029 a 2077. A redação traz a seguinte ideia geral: os entes subnacionais não podem fixar alíquotas abaixo do mínimo necessário para manter as retenções previstas no ADCT.
De forma didática, a mensagem é:
- nenhum Estado, Município ou o Distrito Federal poderá reduzir a alíquota do IBS abaixo de um limite mínimo calculado em lei;
- esse limite mínimo existe para garantir as retenções de IBS que financiam compensações e fundos previstos na Constituição.
Sem essa trava, um Estado poderia tentar atrair empresas com alíquotas artificialmente baixas. Isso colocaria em risco o equilíbrio da arrecadação e prejudicaria toda a lógica de transição do novo sistema, inclusive para setores sensíveis, como o farmacêutico.
2. Como as retenções do ADCT se conectam ao limite das alíquotas do IBS?
O limite das alíquotas do IBS não aparece isolado. O Art. 371 remete diretamente a duas normas constitucionais do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT): o art. 131 e o art. 132.
Esses dispositivos tratam das retenções que a União fará sobre o IBS para financiar diversos mecanismos de transição, como:
- compensações de perdas de arrecadação;
- equalizações federativas;
- restituições e ajustes de fluxo;
- fundos de desenvolvimento e infraestrutura regional.
Em resumo, as retenções dependem de uma base mínima de arrecadação do IBS. Se um ente reduzisse em excesso a alíquota, fragilizaria essa base e comprometeria os pagamentos necessários à transição.
Por isso, o limite das alíquotas do IBS até 2077 funciona como uma proteção das finanças públicas. Ele garante que as retenções possam operar de forma estável ao longo de todo o período de adaptação ao novo modelo tributário.
3. Como o limite mínimo da alíquota do IBS é calculado?
O §1º do Art. 371 explica a fórmula do limite das alíquotas do IBS. A lógica é baseada na alíquota de referência de cada ente e nos percentuais do Anexo XVI da lei.
De forma simplificada, temos:
Alíquota mínima do IBS = alíquota de referência × percentual do Anexo XVI
Isso significa que:
- cada Estado terá a sua alíquota de referência calculada nos termos da lei;
- cada Município também terá a sua alíquota de referência;
- o Anexo XVI determina percentuais mínimos que variam ao longo do tempo.
Esses percentuais acompanham a transição do novo sistema. Eles foram desenhados para:
- garantir o volume necessário de retenções;
- evitar quedas bruscas de arrecadação;
- impedir reduções agressivas de alíquotas que recriem a lógica da guerra fiscal do ICMS.
Para empresas, inclusive do mercado farma, isso se traduz em um cenário com margens de variação menores e mais previsíveis entre os entes federativos.
4. O que acontece se a alíquota do IBS ficar abaixo do mínimo?
O §2º do Art. 371 trata da consequência prática quando um ente tenta descumprir o limite das alíquotas do IBS. A regra é clara: se a alíquota fixada for menor que o mínimo calculado, prevalece o limite inferior definido pela fórmula do §1º.
Na prática:
- se o Estado ou Município tentar reduzir demais a alíquota do IBS;
- a própria lei ajusta automaticamente o valor para o mínimo exigido.
Não depende de:
- ação do contribuinte;
- fiscalização da União;
- judicialização.
Essa solução automática reduz a insegurança para empresas e evita disputas prolongadas. O sistema já nasce com um mecanismo de autocorreção para preservar a arrecadação necessária à transição.
5. Por que o limite das alíquotas do IBS vale até 2077?
O período de 2029 a 2077 não é aleatório. A Reforma Tributária instituiu uma transição longa e complexa entre o modelo atual e o novo sistema baseado em IBS e CBS.
Entre 2033 e 2077 ocorrerão:
- substituição completa de tributos como ICMS e ISS;
- ajustes de compensação entre Estados e Municípios;
- funcionamento de fundos regionais financiados pelas retenções do IBS.
Ao manter o limite das alíquotas do IBS até 2077, o legislador busca:
- dar segurança de longo prazo ao fluxo das retenções;
- garantir previsibilidade para os entes federativos;
- permitir que as regras de transição cumpram seu papel até o fim do cronograma.
Para os agentes econômicos, isso representa um horizonte claro para planejamento tributário e estratégico.
6. Qual o impacto prático do limite das alíquotas do IBS para empresas?
Do ponto de vista empresarial, o limite das alíquotas do IBS traz efeitos diretos e relevantes.
Entre os principais impactos, podemos destacar:
- fim da guerra fiscal clássica baseada em reduções agressivas de alíquotas;
- maior estabilidade tributária entre unidades da federação;
- menor risco de mudanças repentinas em políticas regionais para atrair investimentos.
Para o mercado farma, isso significa:
- mais previsibilidade para a indústria farmacêutica que vende para vários Estados;
- ambiente mais estável para distribuidores que operam em múltiplas regiões;
- menor volatilidade para grandes redes de farmácias e hospitais privados.
O IBS passa a operar como um tributo de base ampla, com variações controladas entre os entes. Essa estabilidade é fundamental para quem precisa alinhar estratégias de preço, descontos, margens e negociações de longo prazo.
7. Resumo didático do Art. 371: a história por trás do limite do IBS
Em termos narrativos, podemos enxergar o Art. 371 assim:
- a reforma buscou romper com o modelo de competição predatória do ICMS;
- para isso, criou o limite das alíquotas do IBS até 2077;
- esse limite é calculado com base na alíquota de referência do ente e nos percentuais do Anexo XVI;
- se um Estado ou Município tentar reduzir demais a carga, a lei corrige automaticamente para o mínimo permitido;
- com isso, preserva as retenções constitucionais e garante o equilíbrio financeiro do novo sistema.
O resultado é um desenho mais estável, previsível e coerente com um tributo de consumo moderno. Para empresas do setor farmacêutico, entender esse mecanismo é chave para interpretar cenários de médio e longo prazo.
8. Conexão com a Lei Complementar nº 214/2025 e com a Reforma Tributária
O limite das alíquotas do IBS está inserido na Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta pontos centrais da Reforma Tributária. Esse dispositivo dialoga com outras regras sobre:
- alíquotas de referência;
- transição entre tributos atuais e o IBS;
- repartição de receitas ao longo do tempo.
Para quem atua no mercado farma e deseja aprofundar a transição para o novo modelo, vale a leitura combinada com análises sobre IBS, CBS e Imposto Seletivo, além de estudos específicos sobre a Reforma Tributária no setor farmacêutico.
Você pode, por exemplo, complementar a leitura deste artigo com conteúdos sobre:
- a transição da tributação sobre medicamentos no novo modelo;
- os impactos gerais da Reforma Tributária para o setor farma;
- a forma como o IBS e a CBS dialogam com preços, margens e repasses na cadeia farmacêutica.
9. Conclusão: por que o limite das alíquotas do IBS importa para o mercado farma?
O limite das alíquotas do IBS entre 2029 e 2077 é uma peça central do novo desenho tributário. Ele impede que Estados e Municípios recriem, no IBS, a lógica de competição predatória que marcou a história do ICMS.
Para o setor farmacêutico, a mensagem é clara:
- haverá menos espaço para surpresas tributárias regionais extremas;
- o ambiente de negócios tende a ser mais previsível e estável;
- estratégias de precificação e negociação poderão ser construídas com base em parâmetros mais sólidos.
Quer preparar sua empresa para as mudanças da Reforma Tributária e entender, na prática, como o IBS vai impactar seus preços e margens? Fale com a Simtax e conte com uma equipe especializada em tributação e inteligência comercial para o mercado farma.
Sugestão de imagem para o artigo: gráfico ou linha do tempo de 2029 a 2077, com destaque para um “limite mínimo” de alíquota, representando uma faixa inferior que não pode ser ultrapassada para baixo, com elementos visuais ligados à Reforma Tributária.
Nome do arquivo da imagem: limite-das-aliquotas-do-ibs-2029-2077-simtax.png
ALT text sugerido: Limite das alíquotas do IBS entre 2029 e 2077 na Reforma Tributária
Contato para informações sobre Ferramentas, Consultoria, Mentoria ou Treinamento:
► E-mail: [email protected]
► (11) 97543-4715
Compartilhe:








